segunda-feira, 4 de junho de 2012


TECNOLOGIA


Mesmo sabendo usar, poderá faltar

Por Dandara Francisco



         A relação entre consumo de energia e desenvolvimento é bem característica. Com algumas exceções, ela é diretamente proporcional, ou seja, quanto, mas desenvolvido o país, maior é seu  consumo de energia per capita.

         Também é fato que, à medida que um individuo melhora sua condição  social, ou seja aumenta sua renda, tende a elevar seu consumo de energia, pois tem mais acesso a bens  e serviços  que utilizam energia ( eletrodomésticos, automóveis..)

       Assim como os indivíduos, de um modo geral, cada vez mais os países aumentam sua demanda energética em função do desenvolvimento ( industrialização, urbanização..). Somem - se a isso o aumento populacional, a perspectiva de esgotamento dos recursos naturais – como os combustíveis fosseis -, o alto custo e os riscos da energia nuclear, o impacto da atual matriz energética mundial sobre o ambiente e tem-se um dos maiores desafios da atualidade.


Matriz energética

          Alem de atenderem à crescente demanda, governantes, empresas e especialistas têm de se empenhar na busca por uma nova matriz energética, que combine alternativas eficientes limpas e ambientalmente sustentáveis.

       Matriz energética é o conjunto de fontes de energia de um país, que pode ser composta por fontes renováveis e não renováveis. A matriz energética mundial é ainda altamente dependente de fontes não renováveis, como o petróleo, que corresponde por 34% do consumo energético do planeta, seguido pelo carvão mineral ( 26,5%) e pelo gás natural (20,9%) .

      O Brasil, cuja oferta total de energia corresponde a cerca de 2% da energia mundial, tem uma matriz energética muito diferente da média. No mundo, a oferta de energia renovável soma aproximadamente 13%, enquanto em nosso país é de 45,3%. Se compararmos com a União Européia, a diferença é ainda maior: apenas 7,2% da oferta de energia dos países daquele bloco são de origem renovável.

       A composição da matriz energética brasileira vem sofrendo significativas transformações nos últimos anos. Em 2000, a oferta de energia não renovável somava 59% do total das matrizes energéticas. Decorridos dez anos, caiu para 54,7%. Em contrapartida, a participação da energia renovável, que era de 41% em 2000, subiu para 45,3% em 2010.


Fontes renováveis

Energia hidráulica
          A geração hidráulica de energia se baseia na força das quedas-d’água para girar turbinas. No Brasil, a grande abundancia e a diversidade geográfica de recursos hídricos (rios) ajudam a entender o porquê de a energia hidráulica ter sido escolhida como principal alternativa de geração de eletricidade. Atualmente, a hidroeletricidade compõe 14,1% da matriz energética nacional, enquanto no mundo essa participação é de aproximadamente 2,2%. As hidrelétricas também correspondem por 74,3% de toda energia elétrica produzida no Brasil.

        Embora estejamos bem distantes do cenário vivido em 2001, em que o consumo superou bastante a capacidade instalada de geração e distribuição de energia elétrica, o aumento da demanda por eletricidade continua preocupante, e o país ainda não está totalmente isento do risco de sofrer um novo apagão.


Energia solar
        A  luminosidade solar é uma fonte de energia extremamente abundante, porem pouco utilizada aqui. O Brasil é um país tropical, e vários de seus estados (no Norte e no Nordeste, sobretudo) possuem grande intensidade luminosa diariamente e durante boa parte do ano. Isso faz com esteja entre os países com maior potencial de desenvolvimento da energia solar.

      Entre alternativas de aproveitamento dessa fonte estão as chamadas  células fotovoltaicas , facilmente identificadas em algumas residências pelas placas fixadas sobre os telhados. A função dessas placas é captar a energia proveniente do Sol e converte-las, por exemplo, em energia elétrica e/ou térmica.

       Essa alternativa de energia, que ainda timidamente, tem conquistado progressivamente o mercado devido a três fatores: o barateamento das células fotovoltaicas, a melhoria da eficiência na conversão e economia proporcionada na conta mensal de energia elétrica.


Cana de açúcar e derivados

       Entre vários tipos de álcool, o etanol, extraído principalmente da cana-de-açúcar, foi lançado no Brasil como alternativo à gasolina. Em função do grande aumento do preço do petróleo decorrente da crise de 1973, quando países exportadores elevaram sobremaneira o preço do barril , o Brasil lançou, em 1975, o Proálcool.

      Desde então, apesar de vários percalços, vem se confirmando como, mas uma alternativa de combustível liquida inclusive misturada a gasolina (gasool).

      O bagaço da cana, por muito tempo considerado um problema para o setor sucroalcooleiro (açúcar e álcool), passou a ganhar importância progressivamente. Hoje em dia  tornou-se peça-chave para o setor. Possibilitando um aumento significativo de sua capacidade em prover mais energia até para as próprias necessidades, incluindo a comercialização do processo de conversão de energia térmica (queima do bagaço) em elétrica dão perspectiva de que essa alternativa deverá destacar- ainda mais.

Lenha e carvão vegetal

      O uso dessas alternativas como fonte de energia tem sido preterido em razão da conscientização e do rigor das leis que tratam da exploração da madeira.
     Em 2000, essas alternativas representavam cerca de 15% da produção de energia primária no Brasil. Dez anos depois, houve 10% de queda da produção no percentual.




Energia não renovável
Petróleo, gás natural e o carvão mineral

      Esses três combustíveis, que se formaram a milhares de anos como resultado da decomposição anaeróbica ( ausência de oxigênio)de matéria orgânica animal e / ou vegetal , são consumidos.Em velocidade bem superior à capacidade da natureza de os repor. Portanto, é previsível que, um dia, esses recursos se tornem escassos ou, no limite, até mesmo desapareçam.

    Para os próximos anos ou décadas, o atendimento da demanda está supostamente garantido, pois a evolução tecnológica do setor petrolífero em propiciado sondanges e perfurações em grandes profundidades, onde há muito tempo se tinham fortes evidencias da existência de grandes reservas, como ocorre com a região do pré sal.

     Sondagens  na região do pré- sal tem evidenciado que o Brasil possui gingatescas reservas. Para se ter uma ideia, no poço Lula (ex Tupi), um dos mais caracterizados, a Petrobrás estima uma reserva na faixa de 5 a 8 bilhões de barris de petróleo de óleo equivalentes ( boe). Há estimativas de reservas brasileiras do pré-sal somem um total de 100 bilhões de boe, o que colocaria o país no seleto grupo das dez nações com maiores reservas petrolíferas do mundo.

   No tange às reservas de gás natural, o Brasil também conseguiu significativos progressos. Em 2000, as reservas provadas totalizavam 221 bilhões de metros cúbicos. Dez anos depois , em dezembro de 2010, passaram para 423 bilhões de metros cúbicos; em um aumento de aproximadamente 90%.
A participação do carvão mineral ainda é modesta na composição da matriz energética brasileira. Nas termelétricas, sua importância relativa vem diminuindo. Na oferta total de energia, em 2010, sua contribuição era 5,2%. 


Energia nuclear

      O terremoto seguido de tsunami cidades japonesas em março 2011 trouxe o tem de energia nuclear novamente às manchetes de várias mídias mundiais por dias consecutivos.

        Há que se destacar que a exploração dessa alternativa energética é muito mais comum do que se imagina e em diversos países. A energia nuclear responde por cerca de 6% da matriz energética mundial e, em alguns países, é a principal fonte de eletricidade.  

      Se há tanta controvérsia, se o risco de acidentes graves é considerável e o custo, alto, por que tantos países insistem nessa alternativa?

     Entre as respostas está a falta de alternativas naturais; pouco são os países que têm, por exemplo, diversidade de alternativas. Outra resposta é a associação que o domínio nuclear representa em termos de força bélica. Também não podemos ignorar as significativas aplicações do domínio nuclear em outros campos, na medicina, por exemplo.


Outras fontes de energia

       Embora ainda não figurem como algo expressivo, outras fontes de energia têm conquistado participação, lentamente, entre as matrizes energéticas, Entre elas,  a opção eólica , aquela que utiliza a força dos ventos, para girar moinhos e gerar eletricidade.
       Dados preliminares de 2011 apontam para uma elevação substancial na oferta de energia eólica durante o período de 2010 a maio de 2011, determinando um crescimento na faixa de 76% mais isso tem pouca representatividade na oferta de eletricidade no Brasil, pois essa fonte responde apenas 0,4% da energia elétrica produzida aqui.
     O biodiesel também tem conquistado alguns mercados no Brasil e no mundo recentemente. A Petrobrás Bicombustível anunciou em dezembro de 2009 o domínio tecnológico da produção  de biodiesel a partir da mamona.
      Há também que destacar como alternativa energética o xisto ( não renovável), uma rocha sedimentar da qual se extrai um tipo de óleo que, uma vez refinado, pode produzir combustíveis, inclusive gasolina. O Brasil possui a segunda maior reserva do mundo, mais essa fonte de energia ainda é pouco explorada por aqui.

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