quinta-feira, 24 de maio de 2012

POLÍTICA. Impasses políticos devem levar a Rio + 20 ao fracasso

POLÍTICA

Impasses políticos devem levar conferência Rio+20 ao fracasso
Por Maurício Coutinho





    Segundo análise de Eduardo Viola, professor de relações internacionais da UnB e especialista  em política das mundanças climáticas, a Rio+20 não trará resultados consistentes, fruto da atual atual dinâmica internacional e pela política da ONU que busca acordos de construção de consensos que, de acordo com sua visão, está totalmente obsoleta. 


     Já citamos anteriormente a falta à Rio+20,  de Chefes de Estado  como Barack Obama (EUA), Angela Merkel (Alemanha), David Cameron (Reino Unido), potências globais que em determinados momentos históricos globais despontaram alternadamente como potências hegemônicas.  Para o professor Viola,  o mundo hoje está dividido em oito potências. Três superpotências, Estados Unidos, União Européia e China, e cinco grandes potências , Japão, Índia, Brasil, Rússia e Coréia do Sul. As decisões mais importantes giram em torno da dinâmica entre China e Estados Unidos e ambos são forças poderosas na geopolítica global, mas têm posturas conservadoras em relação a avançar em uma economia verde. Devemos lembrar que o protocolo de Quioto, que estabeleceu compromissos mais rígidos para a redução de emissão de gases estufa expira agora em 2012 e das oito potências mencionadas somente os EUA não ratificou o protocolo. 


     Segundo o professor, o Brasil, apesar de ter a matriz energética  mais limpa das oito potências e um programa de biocombustíveis (que retomou força com a criação e o aumento de vendas de carros flex , GNV e biodiesel), no atual governo de Dilma Roussef voltamos a um estágio conservador sem interesse  em avançar na  construção de  uma governança ambiental global.


     Paralelamente, outros membros da sociedade civil e cientistas também estão céticos em relação aos resultados políticos da Rio+20. Durante debate no evento Viva a Mata, em São Paulo, que celebrou o Dia Nacional da Mata Atlântica (20 de maio), a maioria dos acadêmicos foram categóricos em afirmar que os temas centrais da Rio+20: economia verde; governança ambiental e erradicação da pobreza dependem de acordos e consensos entre governos e que a expectativa deles é a de que esses acordos devem demorar cada vez mais.

Eduardo Viola.

     Uma das organizações ambientalistas mais importantes no mundo, a WWF, também afirma que os governos mundiais não estão no caminho para definirem um acordo para a preservação dos recursos naturais durante a Rio+20. - Acho que todos nós estamos preocupados que os países negociando no sistema da ONU para a Rio+20 ainda não demonstraram disposição de realmente intervir para enfrentar esses desafios . Essas negociações ainda estão claramente emaranhadas  -  afirmou em Genebra, Suíça o diretor geral da WWF Internacional, Jim Leape.


     Um ponto em que todos os acadêmicos e as organizações afirmam ter como expectativa positiva em relação à Rio+20, não se trata de nenhum acordo político global, mas sim da conscientização e da mobilização da sociedade sobre sustentabilidade e em relação aos temas que serão abordados na Cúpula dos Povos, à mudança e conscientização da sociedade de consumo  em adotar  e exigir práticas de sustentabilidade das empresas das quais são consumidoras e sobretudo na capacidade da sociedade de pressionar os governos e políticos




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